A Linha de Yorimá é uma das sete vibrações básicas que compõem as sete linhas de Umbanda. É uma das poucas que nunca foi confundida com uma entidade individualizada, talvez porque seja muito pouco conhecida em sua designação original, tendo sempre sido mais difundida como Linha das Almas, Linha dos Pretos Velhos ou Linha de São Cipriano.
Da mesma forma, os Pretos Velhos nunca foram confundidos com divindades, sendo, por isso mesmo, das poucas entidades de Umbanda que sempre foram entendidas da forma como realmente são: espíritos mais evoluídos que nós, que se manifestam na Umbanda para fazer a caridade. A palavra “Yorimá” significa “Potência da Palavra na Lei”. Esse significado nos remete ao poder da verbalização, entendida não no sentido da linguagem articulada, mas no sentido da criação do pensamento, da construção dos conceitos que conduzem ao conhecimento profundo, tanto da realidade material, quanto da espiritual.
É uma alusão ao poder do conhecimento e da experiência no caminho que conduz de forma segura à evolução espiritual que todos almejamos, mesmo que não saibamos disso. Essa Vibração traz em suas ordenações o princípio da sabedoria produtora da iluminação interior que conduz à felicidade, por isso podemos dizer que na ordem dos fenômenos naturais que a vibração controla, vamos encontrar a psique humana que, embora não seja palpável, é também um fenômeno natural.
É por essa razão que gradativamente compreendemos que os Pretos Velhos são verdadeiros psicoterapeutas, entidades que, por sua vasta experiência adquirida através de um grande número de encarnações, são capazes de penetrar profundamente na alma humana, diagnosticar-lhe os males e receitar o medicamento correto. A Linha de Yorimá projeta sobre o planeta a paz, a serenidade, a humildade, a paciência, a resignação, a esperança e a temperança. Sua influência sobre os encarnados se dá através do Chakra Muladhara, ou Plexo Pélvico, cuja representação gráfica encontra-se à esquerda.
Na Umbanda, Yorimá é majoritariamente uma Linha de Pretos Velhos, mas presentemente já se sabe que os caboclos que se manifestam sob a designação Obaluaê também tem seu suporte vibratório nas emanações de Yorimá, o que a torna uma linha mista de Pretos Velhos e Caboclos. Aqui falaremos basicamente dos Pretos Velhos, visto que os Caboclos de Obaluaê terão uma matéria dedicada exclusivamente a eles.
Não se sabe quem é o dirigente máximo da linha, mas certamente não são os espíritos Cipriano, Lázaro ou Roque, alçados, na imaginação de muitos á condição de dirigentes máximos devido ao sincretismo. Se tais espíritos estiverem atuando na Corrente Astral de Umbanda, provavelmente estejam enfeixados na Vibração Yorimá, mas não há qualquer evidência segura de que algum deles esteja no comando de toda a linha. Isso, no fundo, não faz a menor diferença, porque independente de quem a comande, a linha demonstra nos trabalhos desses singelos trabalhadores que se apresentam cotidianamente nos terreiros, toda a sua grandeza e sua importância no contexto geral da Umbanda.
A Linha possui sete Chefes de Legião, subordinados diretamente ao dirigente máximo. São eles:
1- Pai Guiné
2- Pai Tomé
3- Pai Joaquim
4- Pai Benedito
5- Vovó Maria Conga
6- Pai Congo D’Aruanda
7- Pai Arruda
As legiões se dividem em falanges, as falanges se dividem em subfalanges e as subfalanges se dividem em grupamentos. Num trabalho de Umbanda, quando se canta para Yorimá, as entidades que se manifestam, incorporando nos médiuns são sempre Pretos Velhos que estão, geralmente, no grau de protetores - o que os coloca na condição de integrantes de grupamento - não são divindade, mas espíritos mais evoluídos que nós, porém ainda em processo de evolução e sujeitos à Lei da reencarnação, que vem dividir conosco um pouco de seu conhecimento acumulado, praticando a caridade moral, nos moldes como o Cristo a ensinou.
Esses Pretos velhos assumem nomes diversos e, a título de exemplificação, podemos citar os seguintes nomes:
Pai João, Pai José, Pai Antônio, Pai Ambrósio, Pai Joaquim de Angola, Pai Joaquim de Aruanda, Vovó Catarina, Vovó Antônia, Vovó Sebastiana, Vovó Maria, Vovó Benta, entre outros.
Os Pretos Velhos se manifestam de forma bem característica, encurvando a coluna do médium, de modo a dar a impressão de uma pessoa de idade muito avançada, traçam uma cruz no solo com os dedos, louvam a Jesus Cristo e acomodam-se em seus banquinhos. Em suas consultas, costumam falar e ouvir na mesma proporção, mas, quando falam, suas palavras demonstram sempre prudência e sabedoria. O linguajar é arrastado e marcado por expressões estereotipadas, lembrando o sotaque de um velho escravo. Aplicam passes de descarrego, de purificação e de revitalização, sempre utilizando a fumaça de seu cachimbo como elemento desmagnetizador.
Na essência, as entidades que trabalham nessa linha não necessariamente tiveram uma encarnação como escravos no Brasil, afinal Preto Velho é apenas um arquétipo; o que realmente importa é a sintonia com a vibração e a capacidade de trabalho.
Os instrumentos de culto utilizados pelos trabalhadores da linha de yorimá são basicamene a guia, confeccionada em contas de porcelana pretas e brancas intercaladas, o inseparável cachimbo, além do copo com água, para descarregar as energias negativas. Pode ser que alguma entidade em particular solicite algum outro instrumento, mas isso já se situa no campo da particularidade.
Pontos Cantados.
Os pontos cantados para a Linha de Yorimá tem, em geral, ritmo suave, agradável e bem marcado. As letras são, no mais das vezes, saudações, invocações e exortações aos trabalhadores da Linha, realçando a condição de ex-escravos, os horrores do cativeiro, a dor e a redenção.
extraído do site neumbanda.blogspot.com.br