terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Homenagem Póstuma - Iyá Giselle Omindarewá (Mãe Giselle de Yemanjá)

Filha de franceses, a escritora e antropóloga Gisèle Cossard Binon nasceu no Marrocos, em 1924, e morreu no Rio de Janeiro, em janeiro de 2016. Casou-se com um diplomata, com quem morou oito anos na África. Foi em 1960, contudo, em uma viagem ao Brasil, que sua vida mudou. Conheceu o terreiro de Joãozinho da Gomeia, em Duque de Caxias, onde iniciou-se  no candomblé. "Em uma festa para Iansã, entrei em transe e perdi o controle de mim. Quando acordei já não era mais a embaixatriz, como Pai Joãozinho me chamava", contava a mãe de santo.

Logo em seguida, Gisèle regressou  à França. Em 1970, defendeu tese de doutorado em antropologia, na Universidade de Sorbonne, em Paris, que no Brasil ganhou o título de Awô: O Mistério dos Orixás. Neste período, separou-se do marido e ficou amiga de Pierre Verger, fotógrafo francês e pesquisador do candomblé de Bahia. Em 1972, de volta ao Rio de Janeiro, Gisèle teve como guia o pai de santo baiano Balbino Daniel de Paula, apresentado a ela por Verger.

A antropóloga vivia entre Paris e o Rio de Janeiro enfrentou a família para viver na Baixada Fluminense como mãe de santo. Em 1974, comprou uma casa em Santa Cruz da Serra, onde mantinha o terreiro Ile Axé Atara Magba. "Construí a casa com pau de eucalipto que trouxe da África. Ele é o fundamento do candomblé: tem que plantar pra ter", costumava dizer Gisèle, que venceu o preconceito no Rio por ser uma mãe de santo branca.

Aposentada do serviço público francês em 1980, Mãe Gisèle de Iemanjá iniciou centenas de filhos de santo. "Por conta do excesso de segredos do candomblé, muito de sua essência se perdeu", dizia ela, que lutou para acabar com a interdição de informações sobre a religião de matriz africana. "Infelizmente o candomblé se tornou um show, com muito luxo e etiquetas. Mas ele é uma religião do povo".

Anos antes de falecer, Gisèle apontou sua sucessora. Segundo ela, Iemanjá teria se manifestado indicando a filha de santo Akindelê, de 40 anos, criada desde pequena no terreiro, como a herdeira no comando do Ile Axé Atara Magba.

Olorum kosi pure!!


texto extraído do site http://mapadecultura.rj.gov.br

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